“Hoje 95% do agave do sisal é jogado fora,” diz pesquisador da …

Table of Contents
Issue Date

O pesquisador da Unicamp (Universidade em Campinas), Gonçalo Pereira afirmou que atualmente a maior parcela do sisal fica inutilizável. “Somente uma parte decimal das folhas é aproveitada. Da biomassa, 95% do agave do sisal são jogados fora. Se a gente utilizasse todo o bagaço do sisal para gerar energia, naquela região toda da Bahia não precisava nem de diesel, nem de gás de cozinha”, destaca o coordenador do Laboratório de Genômica e Bioenergia da Unicamp. Segundo Pereira, do agave pode se aproveitar tudo: além do etanol, fibras, silagem, nanocelulose, inseticida e carvão vegetal (biochar), que funciona como fertilizante do solo. “O ciclo do agave exige planejamento e paciência. Leva de três a cinco anos até a primeira colheita. Até lá, a planta vai juntando forças e ganhando porte. No quinto ano, a produção atinge 880 toneladas por hectare. Um rendimento equiparável ao da cana-de-açúcar, quando distribuído ao longo do ciclo. Por que, então, o México, terra-mãe da agave tequilana, no aproveita todo seu potencial energético? Segundo Pereira, porque, por lá, os olhos estão todos voltados para a tequila, que alcança um elevado preço de mercado. Com 374 milhões de litros de tequila produzidos anualmente, os mexicanos conseguem levantar receitas que correspondem a cerca de 50% das obtidas pelo etanol no Brasil, com um volume de 15 bilhões de litros. Curiosamente, enquanto no México só se aproveita a pinha do agave, onde está concentrado o açúcar, no Brasil são usadas apenas as fibras das folhas. Cada país joga fora todo o restante da planta. “Nossa ideia é uma biorefinaria para usar tudo. O Don Chambers, que teve essa ideia lá atrás, viu que o México não se interessava, levou para a Austrália, que também não se interessou. Mas talvez se interesse agora, quando nós começamos a fazer”, diz Pereira.

Categories