Visualmente semelhante ao carvão vegetal, o produto é obtido pela extração do carbono contido nos resíduos vegetais por meio da pirólise
Por Anderson Neto
A green tech francesa NetZero, startup pioneira na valorização de resíduos agrícolas em biochar, acelera seu desenvolvimento no Brasil ao anunciar nesta segunda-feira (31) a construção de uma segunda fábrica no País, apenas três meses após a inauguração de sua primeira unidade brasileira.
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Localizada em Brejetuba, a nova unidade ficará a 25 quilômetros de distância da anterior, que fica em Lajinha (MG), e se beneficiará de melhorias notáveis em hardware e software.
A escolha de instalar a nova fábrica em Brejetuba tem um triplo objetivo. Primeiro, capitalizar sobre essa proximidade para facilitar o trabalho das equipes de pesquisa e desenvolvimento, a fim de acelerar as iterações tecnológicas. Em segundo lugar, ampliar a cooperação com a Coocafé, cooperativa já parceira no primeiro local.
Finalmene, demonstrar a relevância do seu modelo, fundamentado na implantação de unidades de produção de tamanho intermediário em imediata proximidade com as fontes de biomassa, com o objetivo de reduzir a pegada de carbono da cadeia de produção de biochar e simplificar a logística das operações.
Essa nova fábrica, que estará operacional no início de 2024, produzirá anualmente 4.500 toneladas de biochar, permitindo a remoção da atmosfera de mais de 6.500 toneladas equivalentes de CO2, enquanto fornecerá um corretivo do solo sustentável para os agricultores locais.
Este é o significado da renovação da parceria entre a NetZero e a Coocafé. A cooperativa, que reúne mais de 10.000 produtores de café e tem um forte foco em sustentabilidade, desempenha um papel essencial na promoção do modelo local e circular da NetZero, encorajando os agricultores a aderir ao projeto.
“Essa nova fábrica confirma o interesse que o biochar desperta entre nossos principais parceiros. Nosso modelo é adequado às necesidades e à realidade local, o que é um elemento-chave para o aumento de escala. Estamos muito satisfeitos em continuar nossa parceria com a Coocafé e seus produtores, que são pioneiros no uso do biochar em grande escala”, afirma Pedro de Figueiredo, cofundador da NetZero e CEO da NetZero Brasil.
Graças a essa parceria, a NetZero recuperará milhares de toneladas de resíduos da casca do café e os transformará em biochar, que será usado como corretivo do solo pelos mesmos cafeicultores para melhorar sua produtividade e reduzir o uso de fertilizantes sintéticos. Tudo isso ao mesmo tempo em que permite remover o carbono atmosférico e armazená-lo nos solos por centenas de anos.
Produto
Visualmente semelhante ao carvão vegetal, o biochar é obtido pela extração do carbono contido nos resíduos vegetais por meio da pirólise. Esse processo permite estabilizar de forma duradoura o carbono inicialmente capturado pelas plantas na atmosfera durante a fotossíntese.
Além de seus benefícios climátics validados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o biochar tem propriedades agronômicas notáveis.
O produto atua no solo como uma esponja de carbono que retém água e nutrientes no nível da raiz da planta, permitindo reduzir de forma duradoura o uso de fertilizantes e, ao mesmo tempo, aumentar a produtividade da cultura, melhorando assim a renda do agricultor.
“A escolha de intensificar nossa presença no Brasil reflete a importância deste País na estratégia de desenvolvimento da NetZero. Encontramos grandes quantidades de resíduos agrícolas não valorizados, solos que podem se beneficiar muito com o acréscimo de carbono, competências técnicas avançadas, infraestruturas e um forte espírito de inovação. Também apreciamos o apoio local de todas as partes interessadas”, pontua Axel Reinaud, cofundador e CEO da NetZero.